Lar

Dia de mudança

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Mudanças mexem com a gente. Dizem que mudar de casa é um período especialmente confuso da vida. Encaixota-se o passado, olha-se para o presente e um monte de sonhos para o futuro invade os pensamentos. Entre um rolo de papel bolha e mais uma pilha de caixas garimpada no supermercado do bairro, um turbilhão de sensações. Mudar é bom por princípio. Mas é preciso ter coragem para encarar, vedar bem as caixas, jogar fora o que não serve mais ou, simplesmente, você não quer mais ver na sua frente. É preciso também vontade, é claro. E não pense que a vontade vem de você, ela te pega de surpresa. Quando nos damos conta, já não estamos mais encaixados ao espaço. Tudo parece confuso, a casa já não te recebe com antes. Olha-se para as paredes e a vontade é de desmontar tudo só para ter o gostinho de começar de novo, em um cenário fresco, limpo e inédito de preferência. Mudar é bom, mas é ruim, sabe como? Gera ansiedade. Mas é o frio na barriga que geralmente nos impulsiona a tomar as melhores e maiores decisões. Dá medo. Mas também um prazer danado. Já mudei algumas vezes. Há tempos não me mudo. Residente fixa há dez anos no mesmo apartamento. Chega. Hora de mudar. Vontade há de sobra, a questão é encontrar a casa nova. Especialmente quando você toma a decisão de comprar e não mais ser a pagante de um boleto de aluguel arremessado por debaixo da porta de casa a cada mês. Neste momento, estou no meio do caminho. É estranho, mas é bom. A nova casa ainda não apareceu no meu caminho. Mas aparecerá logo, tenho certeza. Ou melhor, terei. Assim que colocar os pés nela. Se você ainda não viveu este momento mágico de entrar em um lugar e saber que ele será seu por muito, ou algum tempo, não sabe o que está perdendo. Mesmo que toda mudança sempre ocasione eventuais transtornos na gente.